quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Soluções para o câmbio devem adotadas em conjunto pelos países do G20, reitera Mantega

Daniel Lima / Repórter da Agência Brasil

Brasília - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, voltou a defender uma solução em bloco entre os países do G20 para enfrentar as questões cambiais que têm afetado a economia global. No próximo mês, está previsto um encontro de chefes de Estado do G20 (grupo que reúne as maiores economias do mundo), em Seul, na Coreia do Sul, mas o assunto não está na pauta.

Mantega discutiu o tema ontem (20) em conversa telefônica com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner. De acordo com Mantega, como a questão do câmbio ainda não foi colocada na pauta de discussões do G20, os dois terminaram tratando das estratégias que podem ser adotadas para que as soluções sejam negociadas em conjunto e não de forma individual em cada país.

O ministro entende que desde, que os Estados Unidos estejam dispostos a colaborar na questão, poderá haver uma solução para o problema da desvalorização do dólar.

“Foi importante porque ele [Geithner] declarou que não pretende permitir a desvalorização do dólar. Tenho batido muito nesta tecla: o que mais desestabiliza o câmbio mundial é o dólar, é a desvalorização do dólar, muito mais do que a valorização chinesa”, disse ele, que revelou o teor da conversa com o secretário do Tesouro norte-americano ao deixar Brasília com destino a São Paulo. Mantega informou ainda que Geithner garantiu que o objetivo do governo dos Estados Unidos é fortalecer o dólar.

O ministro disse que, quanto à proposta do Federal Reserve (FED), que tem injetado dólares na economia para aquecer o mercado dos Estados Unidos, o secretário acrescentou que a política do Banco Central norte-americano está “superestimada no impacto”.

Guido Mantega afirmou que propôs para Geithner que, durante o encontro de ministros de Finanças do G20, preparatório para o encontro de novembro, ele enfatize de forma clara que o dólar não vai ser desvalorizado e que os Estados Unidos trabalham com a expectativa de que sua moeda seja “forte”. Para Mantega, só assim haverá condições para que se abra uma negociação sobre a questão cambial.

“Não fica só a pressão sobre os chineses. Senão, fica difícil. Você desvaloriza o dólar e quer que os chineses valorizem o yuan. Então, nós combinamos que iríamos pressionar para colocar na agenda do G20 um tema específico sobre o câmbio”, afirmou.

O ministro disse ainda que ele e Geithner chegaram à conclusão de que “há maturidade” para que o tema seja colocado em debate pelo conjunto dos países e que há a possibilidade de o assunto prosperar no encontro.

“Eu vejo a possibilidade de que o G20 diga que nós vamos agir em conjunto sobre a questão do câmbio e vamos ver quais os mecanismos que nós poderemos usar. Isso já vai mostrar para o mundo que não será uma ação unilateral que poderia levar a sérios acordos comerciais.”

As diretrizes do acordo para enfrentar a questão cambial ainda não estão claras, segundo o ministro, mas ele lembra que os países reunidos no encontro do G20 deverão adotar medidas diferentes do Plaza Accord. Trata-se de um acordo fechado entre os Estados Unidos, a Alemanha, França, o Japão e Reino Unido, na década de 80, para, diferentemente do que ocorre agora, desvalorizar o dólar ante o marco alemão e o iene japonês.

Edição: Juliana Andrade

 

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