segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

DECLARAÇÃO DE CAPITAIS E BENS BRASILEIROS NO EXTERIOR ANO-BASE 2010

Foi regulamentada a declaração ao Banco Central do Brasil (“BACEN”) referente ao ano-base de 2010 de valores de qualquer natureza, ativos em moeda e bens e direitos detidos no exterior por pessoas físicas ou jurídicas residentes, domiciliadas ou com sede no País.

Estão dispensados de declarar os detentores de ativos cujos valores totais sejam inferiores a US$ 100.000,00 (cem mil dólares dos Estados Unidos), ou seu equivalente em outras moedas, em 31 de dezembro de 2010.

As informações com data-base em 31 de dezembro de 2010 devem ser prestadas até o dia 28 de fevereiro de 2011. A declaração deve ser feita por meio do modelo de declaração disponível na página do BACEN (www.bcb.gov.br).

O não fornecimento das informações exigidas, ou a prestação de informações falsas, incompletas, incorretas ou fora dos prazos e das condições previstas na regulamentação, sujeita as pessoas obrigadas a prestar a declaração à aplicação de multa pelo BACEN até o valor de
R$ 250.000,00 (duzentos e cinquenta mil reais), dependendo do tipo da infração.

 

sábado, 29 de janeiro de 2011

Exportações e consumo das famílias salvam EUA, diz Gradual Investimentos

Economista André Perfeito, diz que câmbio desvalorizado ajudou recuperação econômica

Loja da Macy's em Nova York

Consumidores americanos retornaram às lojas no quarto trimestre

São Paulo - A alta anualizada de 4,4% do consumo das famílias e de 8,5% nas exportações impulsionaram a economia americana no quarto trimestre.

A avaliação é do economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, que participou nesta sexta-feira (28) do programa “Momento da Economia”, na Rádio EXAME.

“Num primeiro momento, quando você perde o emprego, você tende a ficar mais cauteloso em relação aos gastos. Essa alta de 4,4% mostra que as famílias americanas voltaram às compras”, diz André Perfeito. “Mas o mercado de trabalho ainda vai demorar para se recuperar.”

O economista salienta que a explosão das exportações americanas e a queda das importações confirmam que a desvalorização do dólar deu resultado. “A retórica ou o discurso de guerra cambial do ministro da Fazenda, Guido Mantega, tem todo o respaldo nos dados das contas nacionais dos Estados Unidos. Desta vez, eles foram ajudados bastante pelo setor externo.”

Andé Perfeito explica que a alta anualizada de 3,2% do PIB americano no quarto trimestre equivale a uma expansão de 0,8% nos moldes como o índice é calculado pelo IBGE. Como a previsão para o Brasil é de uma elevação de 0,6% no quatro trimestre (o dado só será divulgado no dia 3 de março), é possível afirmar que os Estados Unidos encerraram o ano num ritmo mais veloz que o do Brasil. Porém, é claro, no acumulado do ano, a economia brasileira vai dar um banho: 7% contra 3%.

Na entrevista (para ouvi-la na íntegra, clique na imagem acima), o economista-chefe da Gradual Investimentos avalia quando o Banco Central dos Estados Unidos, que tem dupla missão (inflação e emprego), deverá iniciar um ciclo de alta dos juros.

Fonte: Exame

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Missão brasileira discute exportação de carne suína para o Japão

Da Agência Brasil

Brasília - O secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Francisco Jardim, tem reunião hoje (28) com  integrantes do Ministério da Agricultura, Floresta e Pesca do Japão. No encontro, ele deve apresentar proposta de roteiro para a vinda de missão japonesa ao Brasil, no primeiro trimestre deste ano, a fim de visitar indústrias de carne suína.

O Japão é o maior importador mundial do produto e representa um mercado de US$ 4 bilhões por ano. Uma missão do governo brasileiro visita desde o começo da semana a China e o Japão para ampliar o mercado de carne de aves e de suínos aos dois países.

A China é o país que mais compra produtos agrícolas do Brasil. Em 2010, as exportações do agronegócio para o país asiático renderam US$ 11 bilhões. Para o Japão, o total exportado alcançou US$ 2,4 bilhões, o que equivale a 32,6% a mais que em 2009, com US$ 1,8 bilhão.

Edição: Graça Adjuto

Fonte: Agencia Brasil

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Japão acelera alta das exportações e amplia saldo

Tóquio - As exportações japonesas aumentaram pelo 13º mês consecutivo em dezembro, com um crescimento de 13% em relação ao mesmo mês de 2009, para 6,113 trilhões de ienes (US$ 74,395 bi), em parte graças à elevação das exportações de automóveis e maquinários, segundo informou o Ministério das Finanças.

O resultado superou a mediana das previsões de economistas consultados pela Dow Jones, que era de um aumento de 9,9%. A alta também foi maior do que a registrada em novembro, quando as vendas externas cresceram 9,1% sobre o mesmo mês do ano anterior, para 5,441 trilhões de ienes.

O superávit comercial do Japão aumentou 34,1% em dezembro sobre o mesmo mês de 2009, para 727,7 bilhões de ienes (US$ 8,856 bi), superando a expectativa de um saldo de 469,6 bilhões de ienes no mês. As importações tiveram alta de 10,6%, para 5,385 trilhões de ienes (US$ 65,535 bi). Em novembro, as importações japonesas haviam subido 14,2% sobre as de novembro de 2009, para 5,278 trilhões de ienes.

Em 2010, as exportações japonesas cresceram 24,4%, para 67,406 trilhões de ienes (US$ 820,331 bi), enquanto as importações aumentaram 17,7%, para 60,636 trilhões de ienes (US$ 737,94 bi). Isso deu ao Japão um superávit comercial de 6,770 trilhões de ienes (US$ 82,390 bi) no ano, cerca de duas vezes e meia o saldo obtido em 2009.

As exportações para a China atingiram um recorde no ano passado, com crescimento de 27,9% sobre o ano anterior e total de 13,087 trilhões de ienes (US$ 159,269 bi), basicamente em razão da demanda por automóveis e maquinários. Os resultados sugerem que a economia japonesa pode em breve se livrar do marasmo sentido no último trimestre do ano passado, depois que o crescimento das exportações desacelerou. As informações são da Dow Jones.

Fonte: Exame

Câmbio deve seguir lógica de 2010

A taxa de câmbio pode mostrar neste ano uma dinâmica parecida com a de 2010: estabilidade no primeiro semestre e leve tendência de apreciação no segundo semestre. Ano passado a moeda brasileira oscilou nos primeiros seis meses do ano ao redor de 1.80, em boa parte em virtude das incertezas ainda presentes na economia mundial, em especial na Europa. Com a superação das principais incertezas, inclusive domésticas, o real voltou a se apreciar, ainda que não de maneira exagerada.

Este ano poderemos ter a mesma história. O câmbio poderá ficar estável no primeiro semestre, oscilando ao redor de 1.70. É possível que as incertezas globais ainda dominem o cenário. Mas a (a) atratividade da economia brasileira em um contexto de (b) menor incerteza global e (c) preços de commodities em alta poderá incentivar ingressos de capitais. No último trimestre deste ano, a moeda poderá oscilar dentro do intervalo de 1.60/1.65. Vale notar que este comportamento ajuda o governo em suas atuações no mercado cambial: como os fundamentos já indicam estabilidade, as medidas de controle apenas reforçam esta tendência. Dificilmente o governo poderia ter sucesso em suas intervenções caso os fundamentos indicassem uma forte apreciação: quanto mais descolado dos fundamentos, mais se estimulam arbitragens no mercado.

Fonte: Exame

ATA DO COPOM

ATA DO COPOM

Data: 18 e 19/1/2011

 

Local: Sala de reuniões do 8º andar (18/1) e do 20º andar (19/1) do Edifício-Sede do Banco Central do Brasil – Brasília – DF

Horário de início: 16h15 (18/1) e 16h32 (19/1)

Horário de término: 18h30 (18/1) e 20h08 (19/1)

 

Presentes:

Membros do Copom

Alexandre Antonio Tombini – Presidente

Aldo Luiz Mendes

Alvir Alberto Hoffmann

Anthero de Moraes Meirelles

Antonio Gustavo Matos do Vale

Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo

Luiz Awazu Pereira da Silva

 

Chefes de Departamento (presentes no dia 18)

Adriana Soares Sales – Departamento de Estudos e Pesquisas (também presente no dia 19)

Altamir Lopes – Departamento Econômico

Daso Maranhão Coimbra – Departamento de Operações Bancárias e de Sistema de Pagamentos

João Henrique de Paula Freitas Simão – Departamento de Operações do Mercado Aberto

Márcio Barreira de Ayrosa Moreira – Departamento de Operações das Reservas Internacionais

Renato Jansson Rosek – Gerência-Executiva de Relacionamento com Investidores

 

Demais participantes (presentes no dia 18)

Alexandre Pundek Rocha – Assessor da Diretoria

André Minella – Consultor do Departamento de Estudos e Pesquisas

Emanuel Di Stefano Bezerra Freire – Consultor da Diretoria

Eugênio Pacceli Ribeiro – Consultor do Departamento Econômico

Fabio Araujo – Consultor do Departamento de Estudos e Pesquisas

Gustavo Paul Kurrle – Assessor de Imprensa

 

Os membros do Copom analisaram a evolução recente e as perspectivas para a economia brasileira e para a economia internacional, no contexto do regime de política monetária, cujo objetivo é atingir as metas fixadas pelo governo para a inflação.

 

 

Evolução recente da economia

 

1. Após registrar alta de 0,83% em novembro, a inflação medida pela variação mensal do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) atingiu 0,63% em dezembro. Com isso, a inflação acumulada de 2010 alcançou 5,91%, 1,60 pontos percentuais (p.p.) acima da observada em 2009 e 1,41 p.p. acima do centro da meta. O aumento da inflação em 2010 reflete o comportamento dos preços livres, que variaram 7,09% e contribuíram com 5,0 p.p., de um total de 5,91 p.p. De fato, os preços administrados aumentaram 3,13%, ante 4,74% registrados em 2009, com contribuição de apenas 0,91 p.p. para a inflação de 2010. Especificamente sobre os preços livres, cabe destacar que a variação dos preços dos bens comercializáveis alcançou 6,87%, e a dos preços não comercializáveis, 7,28% em 2010. A variação dos preços dos serviços, cuja dinâmica tende a exibir maior persistência do que a dos preços dos bens, continua em patamar elevado, e atingiu 7,62% em 2010. Em síntese, o conjunto de informações disponíveis sugere que a aceleração de preços observada em 2010, processo liderado pelos preços livres, pode mostrar alguma persistência, em parte porque a inflação dos serviços segue em patamar elevado.

 

2. A trajetória dos preços dos alimentos desempenhou papel relevante no comportamento da inflação plena de 2010. De fato, no primeiro quadrimestre o IPCA registrou alta pronunciada, quando alimentos e bebidas variaram 5,19%, enquanto, no segundo quadrimestre, houve relativa estabilidade no índice, quando alimentos e bebidas recuaram 1,61%. Já no último quadrimestre, a inflação mensal registrou valores significativos em todos os meses, com alimentos e bebidas aumentando 6,67%. Note-se que a variação em doze meses dos preços da alimentação no domicílio passou de 6,67%, em abril de 2010, para 2,29%, em agosto, e se deslocou para 10,69% em dezembro. Ao mesmo tempo, a do IPCA se posicionou em 5,26%, 4,49%, e 5,91%, respectivamente. A elevação recente nos preços dos alimentos reflete, em grande parte, choques de oferta, domésticos e externos, potencializados pelo ambiente de elevada liquidez nos mercados financeiros internacionais e pelo aumento da demanda global.

 

3. Em linha com a evolução da inflação plena, cada uma das três principais medidas de inflação subjacente calculadas pelo Banco Central tem registrado valores elevados. O núcleo do IPCA por médias aparadas com suavização deslocou-se de 0,55% em outubro para 0,56% em novembro e 0,52% em dezembro, com média mensal de 0,46% em 2010. Nos mesmos meses, o núcleo por dupla ponderação alcançou, respectivamente, 0,58%,  0,66% e 0,71%, também com média mensal de 0,46% ano passado. O núcleo por exclusão posicionou-se em 0,44% em outubro, 0,52% em novembro e 0,60% em dezembro, com média mensal de 0,44% em 2010. No acumulado em doze meses, essas três medidas de núcleo alcançaram respectivamente 5,45%, 5,63% e 5,62% em dezembro. O índice de difusão do IPCA, que havia atingido 64,8% em outubro, avançou para 67,2% em novembro e recuou para 62,2% em dezembro de 2010. Com o índice de difusão nesse patamar, as evidências suportam a hipótese de aceleração de preços.

 

4. A inflação medida pela variação mensal do Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) registrou 0,38% em dezembro, valor inferior ao observado em novembro (1,58%). Em 2010, a inflação acumulada de janeiro a dezembro atingiu 11,30%, valor superior ao registrado em 2009 (-1,43%). A inflação medida pelo seu principal componente, o Índice de Preços ao Produtor Amplo – Disponibilidade Interna (IPA-DI) alcançou 13,85% no ano (-4,08% em 2009), refletindo variação de 10,13% no IPA industrial e de 25,61% no IPA agrícola. Já a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor – Disponibilidade Interna (IPC-DI), outro componente do IGP-DI, registrou alta de 6,24% em 2010, superior aos 3,95% registrados no ano anterior. Na mesma base de comparação, a inflação medida pelo Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), componente de menor peso do IGP‑DI, variou 7,77%, superior aos 3,25% registrados no ano anterior. Conforme destacado em Notas de reuniões anteriores, o Copom avalia que os efeitos do comportamento dos preços no atacado sobre os preços ao consumidor dependerão, entre outros fatores, das condições atuais e prospectivas da demanda, da exposição de cada setor à competição externa e interna e das expectativas dos formadores de preços em relação à trajetória futura da inflação.

 

5. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) incorpora estimativa para a produção mensal dos três setores da economia, bem como para os impostos sobre produto e, portanto, constitui importante indicador coincidente da atividade econômica. Considerando os dados ajustados sazonalmente, o IBC-Br, que vinha se mostrando relativamente estável, com crescimento de apenas 0,1% entre abril e agosto de 2010, voltou a apresentar crescimento significativo em setembro (0,4%), outubro (0,5%) e novembro (0,4%), indicando que o período de arrefecimento mais intenso da atividade econômica pode ter se esgotado.

 

6. A atividade fabril ainda não mostrou sinais consistentes de entrada em novo ciclo de alta. Com base na série geral dessazonalizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção industrial registrou recuo de 0,1% em novembro de 2010, após o crescimento de 0,3% em outubro, na comparação mensal, e redução (0,8%) entre abril e novembro. A taxa de crescimento da média móvel trimestral atingiu 0,1% no período de agosto a novembro, igual à registrada no período de julho a outubro. Na comparação com o mesmo mês de 2009, a produção aumentou, em novembro e em outubro, em 5,3% e 1,8%, respectivamente. No acumulado em doze meses, a produção industrial mostrou expansão pela oitava vez consecutiva, de 11,7% em novembro, mesmo valor registrado em outubro. Na comparação com dezembro de 2008, mês de menor medição da produção industrial durante a crise de 2008/2009, a recuperação até novembro de 2010 foi de 24,1%. Essa dinâmica tem sido amparada, parcialmente, pelo crescimento do financiamento da atividade industrial por parte de instituições financeiras públicas.

 

7. Entre as categorias de uso da indústria, segundo dados dessazonalizados pelo IBGE, a maior contribuição em novembro, em relação ao mês anterior, veio da produção de bens de capital, com crescimento de 3,2%. As variações nos setores de bens de consumo e de bens intermediários também foram positivas, de 0,4% e de 1,0%, respectivamente. Considerando a média móvel trimestral para novembro, todas as categorias apresentaram crescimento. A produção de bens de capital avançou 0,2%, a de bens de consumo, 0,3%, valor este também registrado pela produção de bens intermediários. Vale ressaltar que o crescimento da atividade na indústria de bens de capital é o maior entre as categorias de uso, não apenas na comparação mensal, mas também quando se compara o índice médio até novembro de 2010, que alcançou expansão de 22,7% na comparação com o mesmo período de 2009. Tal comportamento evidencia a robustez do investimento, fator relevante na retomada econômica do período pós-crise.

 

8. A taxa de desemprego nas seis regiões metropolitanas cobertas pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME), sem ajuste sazonal, passou de 6,1%, em outubro de 2010, para 5,7% em novembro de 2010, inferior aos 7,4% registrados em novembro de 2009. Após atingir 9,0% em março de 2009, a taxa observada não apenas recuou significativamente até novembro, mas atingiu o mínimo histórico da série iniciada em março de 2002. Também na série dessazonalizada, a taxa de novembro atingiu novo mínimo histórico, de 6,0%. O emprego, medido pelo número de ocupados nas regiões metropolitanas, na comparação com os mesmos meses de 2009, apresentou elevação de 3,9% em outubro e de 3,7% em novembro de 2010. Dados divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) indicaram crescimento no setor formal em todos os meses de 2010, exceto dezembro. Em dezembro, houve redução de 407,5 mil postos de trabalho (415,2 em dezembro de 2009), enquanto em novembro de 2010 foram criados 138,2 mil postos de trabalho (246,7 mil em novembro de 2009). No acumulado do ano, foram criados 2,14 milhões de postos (2,52 milhões no critério que utiliza as informações entregues em atraso pelas empresas), expansão de 114,7% em relação ao mesmo período de 2009, o que representa o maior saldo acumulado de janeiro a dezembro desde o início da série. O setor que mais contribuiu para a redução de empregos em dezembro foi a indústria, com 37,5% da redução de saldo no mês. No acumulado de 2010, o setor de serviços foi o que mais contribuiu, com 40,4% do saldo gerado no ano. O rendimento médio real habitual observado em novembro recuou 0,8% em relação ao recorde histórico registrado em outubro e avançou 5,7% ante novembro de 2009. Como consequência, a expansão da massa salarial real, considerando o rendimento médio real habitual da população ocupada nas seis regiões metropolitanas, atingiu 9,6% em novembro, na comparação com mesmo mês de 2009, e permanece como fator-chave para a sustentação do crescimento da demanda doméstica.

 

9. De acordo com dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) divulgada pelo IBGE, o volume de vendas do comércio ampliado cresceu 17,0% em novembro, 11,1% em outubro e 6,0% em setembro, na comparação com os mesmos meses do ano anterior. Na série com ajuste sazonal, a variação mensal no volume de vendas apresentou aumento de 1,4% em novembro, após haver crescido nos seis meses anteriores. A média do volume de vendas no trimestre encerrado em novembro aumentou 3,4% em relação à do trimestre anterior, encerrado em agosto. Dos dez segmentos pesquisados, oito tiveram variações mensais positivas em novembro, na comparação mês a mês. Foi novamente destaque o segmento de equipamentos e materiais para escritório, com variação de 10,5%. Nos próximos meses, a trajetória do comércio deve continuar a ser beneficiada pelas transferências governamentais, pelo crescimento da massa salarial real, pela expansão moderada do crédito e pela confiança dos consumidores.

 

10. O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) na indústria de transformação, calculado pela FGV, sem ajuste sazonal, situou-se em 85,3% em dezembro, ante 86,1% em novembro, valores próximos aos verificados antes da crise de 2008/2009. Com o ajuste sazonal, calculado pela FGV, atingiu 84,9% em dezembro, ante 84,5% em novembro. As quatro categorias de uso registraram redução, na comparação com o mês anterior. O nível de utilização para as indústrias do setor de bens de consumo recuou 0,8 p.p., alcançando 85,0%, e o nível para as indústrias de bens de capital recuou 0,3 p.p., alcançando 84,50%. Nos setores de materiais de construção e de bens intermediários, o recuo foi menor e idêntico, de 0,1 p.p. Segundo os dados da CNI, dessazonalizados pelo Banco Central, o Nuci de outubro se manteve estável em 82,2%, ante 82,1% em setembro e 82,2% em agosto. Assim, as taxas de utilização da capacidade instalada têm se mostrado estáveis e em patamares elevados. O elevado nível de ocupação reflete a expansão recente da atividade econômica, cujos efeitos não foram compensados totalmente pela maturação dos investimentos. A propósito, a absorção de bens de capital voltou a apresentar alta, de 4,4% em novembro, em relação ao mês anterior, e crescimento de 16,4% em relação a novembro de 2009. Na comparação do índice médio até novembro, o aumento é de 28,0%, em relação ao de 2009. A produção de insumos para a construção civil registrou elevação em novembro, de 1,4%, em relação ao mês anterior, e de 7,6% em relação ao mesmo mês de 2009. Conforme assinalado em Notas anteriores das reuniões do Copom, a trajetória da inflação mantém estreita relação com os desenvolvimentos correntes e prospectivos no tocante à ampliação da oferta de bens e de serviços para o adequado atendimento da demanda.

 

11. O saldo acumulado da balança comercial em 2010 totalizou US$20,3 bilhões, valor US$5,0 bilhões inferior ao observado em 2009. Esse resultado adveio de US$201,9 bilhões em exportações e de US$181,6 bilhões em importações, o que representa variações de 32,0% e 42,2%, respectivamente, em relação a 2009. De fato, o maior dinamismo da demanda doméstica ante a externa explica em grande parte a redução verificada no superávit comercial. O comportamento das remessas de lucros e dividendos, que também reflete o diferencial de crescimento entre a economia brasileira e a de outros países, vem contribuindo para elevar o déficit em conta corrente. O déficit acumulado em doze meses aumentou de US$48,0 bilhões, em outubro, para US$49,4 bilhões em novembro, equivalente a 2,43% do PIB. Por sua vez, os investimentos estrangeiros diretos totalizaram US$38,2 bilhões em doze meses até novembro, equivalente a 1,88% do PIB, o que resulta em necessidade de financiamento externo de 0,55% do PIB.

 

12. Desde a última reunião, observou-se certa tendência de consolidação da recuperação da economia global, principalmente da economia americana, cuja demanda doméstica mostra algum dinamismo, em especial no consumo das famílias. O indicador de antecedentes divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) – frequentemente utilizado para inferências sobre o comportamento futuro da produção industrial global –, por exemplo, registrou a terceira alta mensal consecutiva em novembro. Os indicadores desagregados por países sugerem aceleração do ritmo de crescimento nos Estados Unidos e na França, e expectativa de crescimento continuado nos demais países do G7, exceto Japão. As perspectivas para a Zona do Euro, em particular, mostram-se bastante assimétricas, pois persistem dúvidas quanto à solvência de algumas economias periféricas, ao mesmo tempo em que o ritmo da expansão continua forte na Alemanha. As taxas de inflação têm permanecido em níveis bastante reduzidos nos países do G3 (Estados Unidos, Zona do Euro e Japão), a despeito das ações de política econômica de caráter fortemente expansionista, tanto no lado fiscal como no lado monetário. Nos doze meses terminados em novembro, a variação do núcleo de inflação – que exclui produtos alimentares e de energia – situou-se em apenas 0,8% nos Estados Unidos, 1,1% na Zona do Euro e em -0,8% no Japão. Desde a última reunião houve aperto das condições monetária em diversas economias, entre as quais na China. O banco central chinês anunciou, em janeiro deste ano, o quarto aumento do requerimento de depósitos compulsórios por parte dos bancos desde novembro do ano passado.

 

13. O preço do barril de petróleo do tipo Brent subiu consideravelmente desde a última reunião do Copom e se aproximou da marca de US$100. Essa aceleração é consistente com um quadro de aparente fortalecimento da demanda global – dado que evidências empíricas sugerem que os preços internacionais do petróleo, nas últimas duas décadas, têm sido determinados mais pelas condições da demanda mundial do que pelas de oferta. Cabe ressaltar, no entanto, o comportamento volátil dos preços do petróleo, reflexo da baixa previsibilidade de alguns componentes da demanda global, da dependência do crescimento da oferta ao ritmo de maturação de projetos de investimentos arriscados e da complexidade geopolítica que envolve o setor. O cenário central com o qual o Copom trabalha atualmente prevê preços domésticos da gasolina inalterados em 2011. Em relação às demais commodities, destaca-se a alta nos preços internacionais das agrícolas. O Índice de Preços de Alimentos, calculado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e que compreende 55 itens, atingiu novo recorde histórico em dezembro de 2010. Esse movimento foi impulsionado, entre outros, pela elevação dos preços internacionais do açúcar, de cereais e de óleos vegetais. No passado recente, a alta volatilidade dos preços das commodities parece ter sido fortemente influenciada pela ampla liquidez global, em contexto no qual os mercados financeiros se ajustam às novas expectativas de crescimento da demanda e à considerável volatilidade nos mercados de câmbio.

 

Avaliação prospectiva das tendências da inflação

 

14. Os choques identificados, e seus impactos, foram reavaliados de acordo com o novo conjunto de informações disponível. O cenário considerado nas simulações contempla as seguintes hipóteses:

a) as projeções para o reajuste nos preços da gasolina e do gás de bujão, para o acumulado de 2011, foram mantidas em 0%, valor considerado na reunião do Copom de dezembro;

b) as projeções de reajuste das tarifas de telefonia fixa e de eletricidade, para o acumulado em 2011, foram mantidas em 2,9% e 2,8%, respectivamente;

c) a projeção de reajuste, construída item a item, para o conjunto de preços administrados por contrato e monitorados para o acumulado de 2011, segundo o cenário de referência, foi mantida em 4,0%, valor considerado na reunião de dezembro. Esse conjunto de preços, de acordo com os dados publicados pelo IBGE, correspondeu a 29,00% do total do IPCA de dezembro;

d) a projeção de reajustes para o conjunto de preços administrados por contrato e monitorados para o acumulado de 2012, conforme o cenário de referência, foi mantida em 4,4%. Essa projeção se baseia em modelos de determinação endógena de preços administrados, que consideram, entre outros, componentes sazonais, variações cambiais, inflação de preços livres e inflação medida pelo Índice Geral de Preços (IGP); e

e) a trajetória estimada para a taxa do swap pré-DI de 360 dias indica spread sobre a taxa Selic, no cenário de referência, de 13 p.b. e 62 p.b. para o quarto trimestre de 2011 e 2012, respectivamente.

 

15. Em relação à política fiscal, considera-se cumprimento da meta de superávit primário de 3,0% do PIB, sem ajustes, em 2011 (conforme parâmetros constantes do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias). Além disso, admite-se como hipótese de trabalho um superávit primário de 3,1% em 2012.

 

16. No conjunto das projeções, foram incorporados os efeitos estimados das alterações dos recolhimentos compulsórios anunciados em dezembro.

 

17. Desde a última reunião do Copom, a mediana das projeções coletadas pela Gerência-Executiva de Relacionamento com Investidores (Gerin) para a variação do IPCA em 2011 se deslocou de 5,20% para 5,42%. Para 2012, a mediana das projeções de inflação se manteve em 4,50%.

 

18. O cenário de referência leva em conta as hipóteses de manutenção da taxa de câmbio em 1,70 R$/US$ e da taxa Selic em 10,75% ao ano (a.a.) em todo o horizonte relevante. Nesse cenário, a projeção para a inflação de 2011 elevou-se em relação ao valor considerado na reunião do Copom de dezembro, e se encontra acima do valor central de 4,5% para a meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). No cenário de mercado, que leva em conta as trajetórias de câmbio e de juros coletadas pela Gerin, junto a analistas de mercado, no período imediatamente anterior à reunião do Copom, a projeção de inflação para 2011 também se elevou e se encontra acima do valor central da meta para a inflação. Para 2012, a projeção se encontra acima do valor central da meta no cenário de referência e ao redor da meta no cenário de mercado.

 

Implementação da política monetária

 

19. O Copom avalia que a política monetária deve contribuir para a consolidação de um ambiente macroeconômico favorável em horizontes mais longos. Nesse sentido, reitera que, no regime de metas para a inflação, orienta suas decisões de acordo com os valores projetados para a inflação pelo Banco Central e com base na análise de cenários alternativos para a evolução das principais variáveis que determinam a dinâmica dos preços. O Comitê entende, também, que riscos baixos para a inflação subjacente no curto prazo tendem a reduzir incertezas em relação ao comportamento futuro da inflação plena, facilitam a avaliação de cenários por parte da autoridade monetária, assim como auxiliam no processo de coordenação de expectativas dos agentes econômicos, em particular, dos formadores de preços. Note-se, adicionalmente, que riscos baixos para a inflação subjacente no curto prazo tendem a potencializar os efeitos das ações de política monetária, fazendo com que elas possam afetar de forma mais duradoura a dinâmica da inflação plena no futuro. Embora reconheça que outras ações de política macroeconômica podem influenciar a trajetória dos preços, o Copom reafirma sua visão de que cabe especificamente à política monetária manter-se especialmente vigilante para garantir que pressões detectadas em horizontes mais curtos não se propaguem para horizontes mais longos.

 

20. A evidência internacional, no que é ratificada pela experiência brasileira, indica que taxas de inflação elevadas levam ao aumento dos prêmios de risco, tanto para o financiamento privado quanto para o público, e ao encurtamento dos horizontes de planejamento, tanto das famílias quanto das empresas. Consequentemente, taxas de inflação elevadas reduzem os investimentos e o potencial de crescimento da economia, além de terem efeitos regressivos sobre a distribuição de renda. De outra forma, taxas de inflação elevadas não trazem qualquer resultado duradouro em termos de crescimento da economia e do emprego, mas, em contrapartida, trazem prejuízos permanentes para essas variáveis no médio e no longo prazo. Assim, a estratégia adotada pelo Copom visa assegurar a convergência da inflação para a trajetória de metas neste e nos próximos anos, o que exige a pronta correção de eventuais desvios em relação à trajetória. Tal estratégia leva em conta as defasagens do mecanismo de transmissão e é a mais indicada para lidar com a incerteza inerente ao processo de formulação e de implementação da política monetária.

 

21. Como consequência da estabilização e da correção de desequilíbrios, as quais determinaram mudanças estruturais importantes, o processo de amadurecimento do regime de metas se encontra em estágio avançado, e isso se reflete favoravelmente na dinâmica da taxa de juros neutra e na potência da política monetária. Evidências a esse respeito são oferecidas, entre outros, pelo cumprimento das metas para a inflação nos últimos sete anos, ao mesmo tempo em que as taxas reais de juros recuaram. Progressos na estrutura dos mercados financeiros, redução do prêmio de risco cambial e do inflacionário, entre outros, parecem ter determinado redução significativa da taxa neutra. Também contribuiu para isso a geração de superávits primários consistentes com a manutenção de tendência decrescente para a relação entre dívida pública e PIB. Em outra perspectiva, alguns desses desenvolvimentos, combinados a outros, como o alargamento de prazo dos contratos, também sugerem que o poder da política monetária no Brasil vem aumentando ao longo dos últimos anos, não obstante a substancial incerteza que envolve o dimensionamento de variáveis não observáveis. O Comitê também pondera que há evidências de que a tração da política monetária aumentou no passado recente e, comparativamente ao que se observava há alguns anos, atualmente pressões inflacionárias são contidas com mais eficiência por meio de ações de política monetária.

 

22. O Copom observa que, nos mercados internacionais, a volatilidade e a aversão ao risco permaneceram elevadas desde sua última reunião, em parte, alimentadas pelos extraordinários níveis de liquidez global e pelas perspectivas de que esse processo possa eventualmente se acentuar. Nesse contexto, mantiveram-se altas as preocupações com dívidas soberanas de países e de bancos europeus e com a possibilidade de desaceleração na China, ao mesmo tempo em que aumentou a confiança na sustentabilidade da recuperação da economia americana. Os preços de importantes commodities se elevaram, sem a contrapartida de movimentos, em sentido contrário, de ativos domésticos e, de modo geral, as perspectivas para o financiamento externo da economia brasileira seguem favoráveis. Em outra frente, a trajetória dos índices de preços mostra elevação de pressões inflacionárias em algumas economias relevantes, enquanto tendem a se exaurir preocupações com a perspectiva de deflação em outras.

 

23. O Copom pondera que são favoráveis as perspectivas para a atividade econômica doméstica neste e nos próximos trimestres. Essa avaliação encontra suporte em sinais de que, apesar de moderação, a expansão da oferta de crédito tende a persistir, tanto para pessoas físicas quanto para pessoas jurídicas; e pelo fato de a confiança de consumidores e de empresários se encontrar em níveis historicamente elevados, a despeito de alguma acomodação na margem, entre outros fatores. O Copom entende, adicionalmente, que o dinamismo da atividade doméstica continuará a ser favorecido pelo vigor do mercado de trabalho, que se reflete em taxas de desemprego historicamente baixas e em substancial crescimento dos salários reais, notadamente no setor público.

 

24. O Copom entende que o cenário prospectivo para a inflação evoluiu desfavoravelmente desde sua última reunião. De fato, no último trimestre do ano passado, a inflação foi forte e negativamente influenciada pela dinâmica dos preços de alimentos, em parte, reflexo de choques de oferta domésticos e externos. Esses desenvolvimentos tendem a ser transmitidos ao cenário prospectivo, entre outros mecanismos, via inércia, como, de resto, apontam as projeções de inflação com as quais o Comitê trabalha, bem como as projeções de analistas de mercado. O Comitê avalia como relevantes os riscos derivados da persistência do descompasso entre as taxas de crescimento da oferta e da demanda. Note-se, também, a estreita margem de ociosidade dos fatores de produção, especialmente, de mão de obra. Em tais circunstâncias, um risco importante reside na possibilidade de concessão de aumentos nominais de salários incompatíveis com o crescimento da produtividade. Cabe notar que o cenário prospectivo leva em conta a sazonalidade da inflação característica do primeiro trimestre, bem como a concentração atípica de reajustes de preços administrados prevista para ocorrer nesse período, embora, para o ano como um todo, o comportamento desses itens tenda a ser relativamente benigno. O cenário central também contempla o potencial impacto negativo decorrente das condições climáticas extremamente adversas verificadas neste início de ano em algumas regiões do Brasil, a despeito de atribuir probabilidade significativa à hipótese de que, ao menos em parte, esse processo seja revertido no decorrer do ano.

 

25. O Copom reafirma que seu cenário central para a inflação leva em conta a materialização das trajetórias com as quais trabalha para as variáveis fiscais. Importa destacar que a geração de superávits primários compatíveis com as hipóteses de trabalho contempladas nas projeções de inflação, além de contribuir para arrefecer o descompasso entre as taxas de crescimento da demanda e da oferta, solidificará a tendência de redução da razão dívida pública sobre produto.

 

26. O Copom destaca que seu cenário central também contempla moderação na expansão do crédito, para a qual contribuem as ações macroprudenciais recentemente adotadas. O Comitê pondera que, em parte, tais alterações regulatórias devem se manifestar como elemento de contenção da demanda agregada por intermédio do canal de crédito, bem como por meio da redução de incentivos à adoção de estratégias como o simples alargamento dos prazos de contratos, entre outras. As informações disponíveis corroboram essa visão, ao evidenciarem impactos relevantes tanto nos preços praticados quanto nas quantidades de recursos transacionados no mercado de crédito. É plausível afirmar, adicionalmente, que o ambiente regulatório atual, comparativamente ao anterior, tende a potencializar os impactos de ações convencionais de política monetária.

 

27. Em suma, o Copom reconhece um ambiente econômico em que prevalece nível de incerteza acima do usual, e identifica riscos crescentes à concretização de um cenário em que a inflação convirja tempestivamente para o valor central da meta. Desde a última reunião, no âmbito externo, os níveis extraordinários de liquidez, a introdução de novos estímulos fiscais nos Estados Unidos e seus reflexos sobre preços de ativos apontam menor probabilidade de reversão do processo de recuperação em que se encontram as economias do G3. Em outra perspectiva, revelam influência ainda ambígua do cenário internacional sobre o comportamento da inflação doméstica. No âmbito interno, ações macroprudencias recentemente anunciadas, um instrumento rápido e potente para conter pressões localizadas de demanda, ainda terão seus efeitos incorporados à dinâmica dos preços. Também desde a última reunião, teve seguimento a materialização de riscos de curto prazo com os quais o Copom trabalhava naquela oportunidade. Embora as incertezas que cercam o cenário global e, em menor escala, o doméstico, não permitam identificar com clareza o grau de perenidade de pressões recentes, o Comitê avalia que o cenário prospectivo para a inflação evoluiu desfavoravelmente.

 

28. Nesse contexto, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 11,25% a.a., sem viés, dando início a um processo de ajuste da taxa básica de juros, cujos efeitos, somados aos de ações macroprudenciais, contribuirão para que a inflação convirja para a trajetória de metas.

 

29. A demanda doméstica se apresenta robusta, em grande parte devido aos efeitos de fatores de estímulo, como o crescimento da renda e a expansão do crédito. Além disso, embora tendam a arrefecer, impulsos fiscais e creditícios foram aplicados na economia nos últimos trimestres, e ainda deverão contribuir para a expansão da atividade e, consequentemente, para que o nível de ociosidade dos fatores se mantenha em patamares baixos. Aos efeitos desses estímulos, entretanto, contrapõem-se os efeitos da reversão de iniciativas tomadas durante a recente crise financeira de 2008/2009, os das perspectivas ainda não muito favoráveis para a economia global e, especialmente, os das recentes ações macroprudenciais. Esses elementos e os desenvolvimentos no âmbito fiscal são parte importante do contexto no qual decisões futuras de política monetária serão tomadas, com vista a assegurar a convergência tempestiva da inflação para a trajetória de metas.

 

30. Ao final da reunião, foi registrado que o Comitê voltará a se reunir em 1º de março de 2011, para as apresentações técnicas, e no dia seguinte, para deliberar sobre a política monetária, conforme estabelecido pelo Comunicado nº 20.223, de 15 de outubro de 2010.

 

 

SUMÁRIO DOS DADOS ANALISADOS PELO COPOM

 

Inflação

 

31. O IPCA registrou variação mensal de 0,63% em dezembro, ante 0,83% em novembro, acumulando aumento de 5,91% em 2010, maior taxa anual desde 2004 e 1,60 p.p. superior ao resultado de 2009. A variação dos preços livres desacelerou de 1,04%, em novembro, para 0,78% em dezembro, com ênfase na redução de 1,53% para 0,95% no âmbito dos produtos comercializáveis, favorecida pela desaceleração no aumento nos preços da carne. Os preços dos produtos não comercializáveis elevaram-se 0,63%, ante 0,60% em novembro, com destaque para a elevação no segmento serviços. Os preços monitorados variaram 0,26%, ante 0,33% em novembro. O índice de difusão situou-se em 62,24%, ante 67,19% em novembro, atingindo média de 61,18% em 2010, ante 57,53% no ano anterior.

 

32. Os preços livres acumularam variação de 7,09% em 2010, ante 4,13% no ano anterior, enquanto os monitorados registraram aumento de 3,13% e 4,74%, na ordem. A evolução dos preços livres refletiu as acelerações observadas nos segmentos de itens comercializáveis, de 2,63% para 6,87%, e não comercializáveis, de 5,53% para 7,28%, destacando-se o aumento de 10,39% no grupo alimentação e bebidas, que havia atingido 3,17% em 2009. O índice de serviços variou 7,62%, ante 6,37% no ano anterior.

 

33. O núcleo do IPCA, considerado o método de médias aparadas com suavização, registrou variação mensal de 0,52% em dezembro, ante 0,56% em novembro, acumulando 5,63% no ano, comparativamente a 4,38% em 2009. O núcleo por exclusão, que exclui dez itens de alimentação no domicílio e combustíveis, variou 0,60% em dezembro, ante 0,52% em novembro, elevando-se 5,45% no ano, ante 4,73% em 2009. O núcleo por exclusão, que exclui todo o grupo alimentação e bebidas, cresceu 0,42% no mês, ante 0,41% em novembro, acumulando 4,61% no ano, ante 4,65% em 2009, ressaltando-se que essa estabilidade evidencia o impacto exercido pelo grupo alimentação para a aceleração da variação do IPCA em 2010. O núcleo de dupla ponderação registrou variação de 0,71% em dezembro, ante 0,66% em novembro, aumentando 5,62% no ano, ante 4,73% em 2009.

 

34. O IGP-DI cresceu 0,38% em dezembro, ante 1,58% em novembro, acumulando 11,30% no ano, ante recuo de 1,43% em 2009, ressaltando-se que a variação mensal do indicador resultou de desacelerações nas variações dos preços ao produtor amplo (IPA) e ao consumidor (IPC) e de aceleração no INCC. O IPA variou 0,21% no mês, ante 1,98% em novembro, com ênfase na retração mensal de 5,56% para 0,18% na variação dos preços de produtos agropecuários, influenciada pelas reduções de 22,01% e 4,80% nos preços do feijão e de bovinos, respectivamente, e pelas desacelerações nos aumentos dos preços da soja, do milho e do algodão. A variação dos produtos industriais decresceu de 0,75% para 0,22%, com ênfase nos recuos nos preços dos itens carnes, produtos de carne e pescados. O IPA cresceu 13,85% em 2010, ante retração de 4,08% em 2009, registrando-se variações anuais de 25,61% nos preços dos produtos agropecuários e de 10,13% nos industriais. O IPC, favorecido pela desaceleração do aumento dos preços no grupo alimentação, principalmente carnes bovinas, aumentou 0,72% em dezembro, ante 1,00% em novembro, acumulando alta anual de 6,24%, ante 3,95% em 2009. O INCC variou 0,67% em dezembro, ante 0,37% em novembro, salientando-se que a expansão anual de 7,77% experimentada pelo indicador, ante 3,25% em 2009, esteve associada, em especial, ao aumento de 10,41% no custo da mão de obra.

 

Atividade econômica

 

35. O IBC-Br registrou aumento de 0,4% em novembro, sexta elevação mensal consecutiva, considerados dados dessazonalizados. O indicador cresceu 1,1% no trimestre encerrado em novembro, em relação ao finalizado em agosto, quando cresceu 0,3% no mesmo tipo de comparação. O IBC-Br cresceu 6,5% em relação a novembro de 2009, acumulando 8,1% no ano e 8,3% em doze meses.

 

36. As vendas do comércio ampliado registraram aumento mensal de 1,4% em novembro, de acordo com dados dessazonalizados da PMC do IBGE, contribuindo para que a média do trimestre encerrado em novembro aumentasse 3,4% em relação à observada no trimestre encerrado em agosto. O comércio varejista cresceu 1,1% no mês e 2,2% no trimestre. Por atividade do comércio, ocorreram crescimentos mensais nas vendas em oito dos dez segmentos pesquisados, com destaque para os relativos a equipamentos e materiais para escritório, 10,5%, e a livros, jornais, revistas e papelaria, 6,6%, contrastando com o recuo de 3,6% nas referentes a tecidos, vestuário e calçados.

 

37. As vendas do comércio ampliado cresceram 17% em relação a novembro de 2009, acumulando elevações de 11,9% no ano e de 12,1% nos últimos doze meses. A evolução interanual decorreu de elevações nas vendas em todos os segmentos considerados na PMC, com destaque para os relativos a veículos e motos, partes e peças, 30,3%; livros, jornais, revistas e papelaria, 23,2%; e móveis e eletrodomésticos, 20,5%. A trajetória do comércio nos onze primeiros meses do ano decorreu, igualmente, de aumentos em todas as atividades consideradas, em especial, nas relativas a equipamentos e materiais para escritórios, 23,8%; móveis e eletrodomésticos, 18,3%; e material de construção, 15,6%. O desempenho do comércio ampliado nos últimos doze meses encerrados em novembro evidenciou crescimento generalizado das vendas por atividade, com destaque para os relativos a equipamentos e materiais para escritório, 21,3%; móveis e eletrodomésticos, 17,7%; material de construção, 14,9%; e veículos e motos, partes e peças, 14%.

 

38. As vendas de autoveículos pelas concessionárias, incluindo automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, registraram crescimento mensal de 0,3% em dezembro, de acordo com estatísticas da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), dessazonalizadas pelo Banco Central, acumulando elevação de 5,2% no trimestre encerado em dezembro, em relação ao finalizado em setembro. As vendas de autoveículos cresceram 11,9% no ano, com ênfase nos aumentos observados nos segmentos caminhões, 44,2%; comerciais leves, 27,8%; e ônibus, 25,3%.

 

39. O índice de quantum das importações de bens de capital, divulgado pela Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex) e dessazonalizado pelo Banco Central, cresceu 5% em novembro, em relação a outubro. O indicador, que aumentou 47,8% em relação a novembro de 2009, acumulou variações de 42,8% e 37,9% nos onze primeiros meses do ano e nos últimos doze meses, respectivamente, em relação aos períodos correspondentes de 2009.

 

40. A produção de bens de capital registrou crescimento mensal de 3,2% em novembro, mas recuou 1,4% no trimestre, em relação ao trimestre finalizado em agosto, de acordo com dados dessazonalizados da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF), do IBGE. A evolução mensal refletiu, em parte, os aumentos nas indústrias de equipamentos para fins industriais seriados, 4,6%; para construção, 4,2%; e de uso misto, 4%, em oposição aos recuos nas produções de equipamentos para fins industriais não-seriados, 16%; e de máquinas agrícolas, 7,2%. A produção de bens de capital aumentou 22,3% nos onze primeiros meses do ano, em relação a igual intervalo de 2009, ressaltando-se a elevação de 107,9% no segmento de bens direcionados para a construção.

 

41. A produção de insumos típicos da construção civil apresentou variação mensal de 1,4% em novembro, mesmo acréscimo assinalado no trimestre encerrado no mês, em relação ao finalizado em agosto, de acordo com dados dessazonalizados. A indústria cresceu 7,6% em relação a novembro de 2009, acumulando aumentos de 12,3% e 12,5% nos onze primeiros meses do ano e nos últimos doze meses, respectivamente, em relação aos períodos correspondentes de 2009.

 

42. Os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) somaram R$153,6 bilhões nos onze primeiros meses do ano, elevando-se 30,8% em relação a igual período do ano anterior, com ênfase na expansão de 48,2% nos recursos destinados ao setor agropecuário. O setor industrial absorveu 47% do total liberado no período, seguindo-se os segmentos infraestrutura, 31%; comércio e serviços, 16%; e agropecuário, 6%.

 

43. A produção física da indústria geral recuou 0,1% em novembro, em relação ao mês anterior, de acordo dados dessazonalizados da PIM-PF, enquanto a média do trimestre encerrado em novembro aumentou 0,3% em relação à assinalada no trimestre finalizado em agosto, quando havia decrescido 1,3%, no mesmo tipo de comparação. Por categorias de uso, a produção de bens de capital aumentou 3,2% no mês, seguindo-se as variações nas relativas a bens intermediários, 1%; bens de consumo duráveis, -0,7%; e bens de consumo semi e não-duráveis, -0,5%, ressaltando-se que das 26 atividades constantes da pesquisa, catorze apresentaram crescimento mensal. A evolução trimestral refletiu, em parte, as elevações nas atividades edição, impressão e reprodução, 9,9%; mobiliária, 7,7%; e máquinas para escritório e equipamentos de informática, 7,6%, em contraste com os recuos nas indústrias de material eletrônico e equipamento de comunicação, 14,2%; calçados e couros, 5,8%; e metalurgia básica, 4,2%.

 

44. A produção industrial cresceu 5,3% em relação a novembro de 2009, com destaque para a expansão de 9% no segmento de bens de capital, seguindo-se os aumentos nos relativos a bens intermediários, 5,8%; bens de consumo duráveis, 4,6%; e bens de consumo semi e não duráveis, 3,1%. Considerados períodos de doze meses, a indústria cresceu 11,7% em novembro, em relação a igual intervalo do ano anterior, com ênfase nos aumentos das produções de bens de capital, 22,4%, bens de consumo duráveis, 13,3%, e de bens intermediários, 12,9%.

 

45. O Nuci na indústria de transformação, calculado pela FGV, atingiu 85,3% em dezembro, ante 86,1% em novembro e 84,2% em igual mês de 2009. O recuo mensal decorreu de retrações em todas as categorias de uso, ressaltando o decréscimo de 1,00 p.p. no segmento de bens de consumo. O Nuci relativo às indústrias de bens de capital, de material de construção e de bens intermediários apresentou recuos de 0,4 p.p., 0,4 p.p. e 0,3 p.p., respectivamente, no período. O aumento na comparação com dezembro de 2009 decorreu de elevações nos indicadores das indústrias de material de construção, 4,1 p.p.; bens de capital, 3,6 p.p.; e bens intermediários, 1,9 p.p., e de recuo de 0,8 no relativo ao segmento de bens de consumo.

 

46. A produção de autoveículos atingiu 302 mil unidades em dezembro, elevando-se 1,1% em relação a novembro, de acordo com dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), ajustados sazonalmente pelo Banco Central. A produção do setor cresceu 19,5% ante dezembro de 2009, acumulando aumento de 14,9% nos onze primeiros meses do ano, em relação a igual intervalo de 2009.

 

47. As vendas de autoveículos pelas montadoras registraram, em dezembro, aumentos de 6,4% e 31,5%, respectivamente, em relação a novembro e a dezembro do ano anterior. A evolução mensal decorreu de variações de 19,8% nas vendas para o mercado interno e de -22,7% nas exportações, enquanto o resultado interanual decorreu de variações respectivas de 41,8% e -8,6%. As vendas do setor registraram aumento anual de 16,1% em 2010, com as vendas ao mercado interno elevando-se 8,2% e as exportações, 61,1%.

 

48. O terceiro prognóstico para a safra de 2011 realizado pelo IBGE em dezembro estimou em 145,8 milhões de toneladas a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas, 2,5% inferior à registrada em 2010, com ênfase na retração estimada para a região Sul. Estão previstas expansões para as safras de arroz, 12,6%, e de feijão, 10,2%, e retrações para as relativas a trigo, 18,3%; milho, 7,4%; e soja, 0,8%. A área total a ser colhida deverá aumentar 1,8%, para 47,4 milhões de hectares.

 

Expectativas e sondagens

 

49. O Índice de Confiança do Consumidor (ICC), considerados dados dessazonalizados da Sondagem de Expectativas do Consumidor, da FGV, de abrangência nacional, embora registrasse recuo mensal de 2,1% em dezembro, para 122,5 pontos, segue em patamar elevado. Ocorreram retrações no Índice de Expectativas (IE), 3,4%, e no Índice da Situação Atual (ISA), 0,4%. O ICC cresceu 8,9% em relação a dezembro de 2009, resultado de elevações de 21,2% no ISA e de 1,4% no IE.

 

50. O Índice de Confiança da Indústria (ICI), divulgado pela FGV, apresentou aumento mensal de 1,6% em dezembro, atingindo 114,5 pontos e situando-se no patamar médio de 2010. Ocorreram elevações de 1,3% no ISA e de 1,9% no IE. O ICI cresceu 1% em relação a dezembro de 2009, resultado de variações de 3,9% no ISA e de -1,9% no IE.

 

51. O Índice de Confiança de Serviços (ICS), da FGV, registrou aumento mensal de 0,3% em dezembro, reflexo de variações de 5,7% no ISA e de -4,4% no IE. O ICS aumentou 1,7% em relação a dezembro de 2009, registrando-se expansão de 7,8% do ISA e retração de 3,5% no IE.

 

Mercado de trabalho

 

52. Foram eliminados 407,5 mil empregos formais em dezembro, de acordo com o Cadastro Geral dos Empregados e Desempregados (Caged) do MTE, dos quais 153 mil na indústria de transformação, 92,2 mil na agropecuária, 79,6 mil na construção civil e 75,2 mil no setor de serviços, enquanto o comércio apresentou geração líquida de 14,4 mil vagas. Em 2010, foram geradas 2.136,9 mil vagas, melhor resultado da série iniciada em 1985, com ênfase nas contratações do setor de serviços, 864,3 mil; no comércio, 519,6 mil; na indústria de transformação, 485 mil; e na construção civil, 254,2 mil, representando, nos segmentos mencionados, aumentos no estoque de empregados de 5,7%; 6,1%; 6,3% e 13,8%, respectivamente, em relação a 2009.

 

53. A taxa de desemprego aberto atingiu 5,7% em novembro, menor patamar da série iniciada em abril de 2002, de acordo com a PME, do IBGE, realizada nas seis principais regiões metropolitanas do país. O recuo mensal, sexta retração consecutiva nessa base de comparação, atingiu 0,4 p.p., enquanto em doze meses o indicador decresceu 1,7 p.p. Considerados dados dessazonalizados, a taxa de desemprego atingiu 6% em novembro, ante 6,3% no mês anterior, resultado do aumento de 0,1% na ocupação e da redução de 0,2% na População Economicamente Ativa (PEA). O rendimento médio real habitualmente recebido pelos trabalhadores, interrompendo sequência de cinco aumentos mensais, recuou 0,8% em novembro, mas acumulou crescimento de 3,6% nos onze primeiros meses do ano, enquanto a massa salarial registrou variações respectivas de -0,6% e 7,3%, nas bases de comparação mencionadas.

 

Crédito e inadimplência

 

54. O saldo dos empréstimos do sistema financeiro totalizou R$1.678 bilhões em novembro, correspondendo a 46,3% do PIB, elevando-se 2% no mês, 18,6% no ano e 20,8% em doze meses. A carteira de recursos livres registrou, na ordem, aumentos de 2%, 15,4% e 16,5%, nas mesmas bases de comparação, resultado de crescimentos respectivos de 2,1%, 16,8% e 18% no saldo das operações com pessoas físicas e de 1,8%, 14% e 15% no relativo à carteira das pessoas jurídicas. Os financiamentos com recursos direcionados expandiram-se 2% no mês, 25,3% no ano, e 30,2% em doze meses, com destaque para os acréscimos respectivos de 3,4%, 44,9% e 53,6% observados nos financiamentos habitacionais e de 1,9%, 39,3% e 46% nos repasses do BNDES.

 

55. A taxa média anual de juros incidente sobre as operações de crédito referencial recuou 0,6 p.p. em novembro, para 34,8%. As taxas relativas aos segmentos de pessoas físicas e de pessoas jurídicas atingiram 39,1% e 28,6%, respectivamente, registrando recuos respectivos de 1,3 p.p. e 0,1 p.p.

 

56. O prazo médio das operações de crédito referencial passou de 456 dias, em outubro, para 469 dias, em novembro, registrando-se aumentos respectivos de treze e doze dias nos prazos relativos aos segmentos de pessoas físicas e de pessoas jurídicas, que atingiram 551 dias e 395 dias, nessa ordem.

 

57. A taxa de inadimplência das operações de crédito referencial, correspondente a atrasos superiores a noventa dias, manteve-se em 4,7% em novembro. A taxa relativa às operações com pessoas físicas recuou 0,1 p.p., para 5,9%, e a relativa ao segmento de pessoas jurídicas cresceu 0,1 p.p., para 3,6%.

 

Ambiente externo

 

58. Embora as perspectivas de que as economias desenvolvidas ingressem em novo evento recessivo no curto prazo tenham reduzido sensivelmente desde a última reunião do Copom, os riscos associados à evolução de cenário benigno para a atividade econômica global seguem relevantes, em especial os associados à crise fiscal de algumas economias da Zona do Euro. Nos Estados Unidos da América (EUA), as perspectivas atuais incorporam melhor desenvolvimento da demanda doméstica, em especial do consumo, em ambiente de reduções das incertezas relacionadas ao emprego e à renda. A recente extensão da lei fiscal de cortes de impostos nos EUA, que incluiu redução nos impostos sobre a folha de pagamento, contribui para essa perspectiva favorável.

 

59. Os preços internacionais das commodities registraram fortes elevações nos últimos meses de 2010, em alguns casos ultrapassando as máximas atingidas em 2008. Potencializados pela atuação de investidores nos mercados financeiros, a ocorrência de adversidades climáticas e o fortalecimento do consumo em nível global foram os principais condicionantes para esse comportamento. Em especial, o desempenho dos preços das commodities agrícolas foi bastante influenciado pela deterioração das condições de oferta em diversas regiões, refletindo as alterações climáticas causadas pelo fenômeno La Niña. Nos mercados financeiros, os principais índices de bolsas de valores registraram valorizações desde a última reunião do Copom, influenciados pelo otimismo dos agentes econômicos, em ambiente de elevada liquidez.

 

60. Os índices de inflação relativos a dezembro captaram a trajetória de alta dos preços das commodities. A variação anual do IPC dos EUA, da Zona do Euro, do Chile, do México, da Indonésia e da Rússia atingiu, na ordem, 1,50%, 2,20%, 3,00%, 4,40%, 7,00% e 8,80%, respectivamente, em dezembro, ante 1,10%, 1,90%, 2,50%, 4,30%, 6,30% e 8,10%, respectivamente, em novembro. Essa trajetória reflete, nas economias emergentes, as elevações nos preços das commodities agrícolas, o fortalecimento da demanda interna e a redução do hiato do produto de suas economias, enquanto nos EUA e na Zona do Euro as altas de dezembro estão associadas, principalmente, a elevações nos preços de energia. Ressalte-se que nestas economias, evidenciando o cenário de reduzido nível de utilização da capacidade instalada e elevadas taxas de desemprego, as pressões inflacionárias seguem contidas, registrando-se, em dezembro, variações anuais de 0,80% e 1,10%, respectivamente, nos núcleos do IPC dos EUA e da Zona do Euro.

 

61. Nesse contexto, os bancos centrais dos EUA e da Zona do Euro mantiveram o caráter acomodatício de suas políticas, optando pela manutenção das respectivas taxas básicas de juros, decisões acompanhadas pelos bancos centrais do Reino Unido e do Japão. Ressalte-se que, desde a última reunião do Copom, bancos centrais de diversos países, entre os quais, Chile, Peru, Hungria, Suécia, China, Coreia e Tailândia, elevaram as respectivas taxas básicas de juros. Em 14 de janeiro, o Banco do Povo da China (PBOC) anunciou nova elevação na taxa de recolhimento dos depósitos compulsórios, a quarta desde novembro passado.

 

Comércio exterior e reservas internacionais

 

62. A balança comercial brasileira registrou, em dezembro, o maior superávit mensal do ano, US$5,4 bilhões, contribuindo para que o superávit comercial atingisse US$20,3 bilhões em 2010. As exportações atingiram o recorde mensal histórico de US$20,9 bilhões e as importações totalizaram US$15,6 bilhões. Considerado o critério de média diária, o superávit comercial de 2010 recuou 20,1% em relação ao assinalado no ano anterior, registrando-se elevações de 41,6% nas importações e de 31,4% nas exportações.

 

63. As reservas internacionais atingiram US$288,6 bilhões em dezembro, elevando-se US$3,1 bilhões em relação a novembro e US$50,1 bilhões no ano. As compras líquidas do Banco Central no mercado a vista de câmbio totalizaram US$2,1 bilhões no mês, acumulando US$41,4 bilhões no ano.

 

Mercado monetário e operações de mercado aberto

 

64. Desde a última reunião do Copom, em dezembro, a curva de juros doméstica apresentou elevação em toda a sua extensão. Esse movimento foi influenciado por diversos fatores, entre os quais: a divulgação de índices de inflação corrente elevados, incluindo diferentes medidas de núcleo; a trajetória de alta dos preços das commodities no mercado internacional; e incertezas em relação à implementação do ajuste fiscal sinalizado pelo governo. Além disso, para os prazos mais curtos, a perspectiva dos agentes quanto ao início de um novo ciclo de elevação da taxa básica de juros também contribuiu para o movimento altista das taxas. Entre 6 de dezembro de 2010 e 17 de janeiro de 2011, as taxas de juros de um, de três e de seis meses elevaram-se em 0,38 p.p., 0,49 p.p. e 0,47 p.p., respectivamente. As taxas para os prazos de um, de dois e de três anos subiram 0,43 p.p., 0,41 p.p. e 0,45 p.p., respectivamente. A taxa real de juros, medida pelo quociente entre a taxa nominal de um ano e a expectativa de inflação (suavizada) para os próximos doze meses, elevou-se de 6,30%, em 6 de dezembro de 2010, para 6,61%, em 17 de janeiro de 2011.

 

65. Em 14 de janeiro, o Banco Central realizou leilão de swap cambial reverso, no qual assumiu posição ativa em variação cambial e passiva em taxa de juros doméstica. Essa operação totalizou o equivalente a US$987,9 milhões.

 

66. Na administração da liquidez do mercado de reservas bancárias, o Banco Central realizou, de 7 de dezembro de 2010 a 17 de janeiro de 2011, operações compromissadas com prazo de seis meses, tomando recursos no valor total de R$41,5 bilhões. Com isso, o saldo diário médio do estoque das operações de longo prazo alcançou R$138,9 bilhões. No mesmo período, realizou operações compromissadas com prazos entre treze e trinta dias úteis, elevando o saldo diário médio das operações tomadoras de curto prazo para R$129,9 bilhões. O Banco Central atuou ainda em 31 oportunidades como tomador de recursos por meio de operações compromissadas de curtíssimo prazo e realizou operações de nivelamento, ao final do dia, com prazos de dois dias úteis. As operações de curtíssimo prazo, incluídas as de nivelamento, tiveram saldo diário médio tomador de R$89,7 bilhões no período. O saldo diário médio do estoque total dos compromissos de recompra do Banco Central diminuiu de R$395,4 bilhões, entre 19 de outubro e 6 de dezembro, para R$358,5 bilhões, entre 7 de dezembro de 2010 e 17 de janeiro de 2011. Considerando-se o período mais recente, o saldo dos compromissos de recompra elevou-se em R$23,1 bilhões, com a elevação do estoque total de R$373,6 bilhões, em 6 de dezembro de 2010, para R$396,7 bilhões, em 17 de janeiro de 2011. O principal fator condicionante para a expansão da liquidez no período foi o resgate líquido de títulos pelo Tesouro Nacional.

 

67. Entre 7 de dezembro de 2010 e 17 de janeiro de 2011, as emissões de títulos pelo Tesouro Nacional, referentes aos leilões tradicionais, somaram R$35,2 bilhões. A venda de títulos com remuneração prefixada alcançou R$19,8 bilhões, sendo R$18,1 bilhões em Letras do Tesouro Nacional (LTN) com vencimentos em 2011, 2012, 2013 e 2015 e R$1,7 bilhão em Notas do Tesouro Nacional – Série F (NTN-F) com vencimentos em 2015, 2017 e 2021. As vendas de Letras Financeiras do Tesouro (LFT) totalizaram R$11,5 bilhões, com emissão de títulos com vencimentos em 2015 e em 2017. Nos leilões de Notas do Tesouro Nacional – Série B (NTN-B), foram vendidos títulos com vencimentos em 2014, 2016, 2020, 2030, 2040 e 2050, em montante total de R$3,9 bilhões.

CARTA-CIRCULAR 3.484

Divulga procedimentos operacionais  a 
                               serem  observados em leilão de  moeda 
                               estrangeira  no mercado interbancário 
                               de  câmbio, para liquidação a  termo, 
                               e  altera a Carta-Circular nº  3.395, 
                               de 23 de abril de 2009.               
                                                                     
        O   Chefe   do   Departamento  de  Operações  das   Reservas 
Internacionais (Depin), no uso das atribuições conferidas pelo  art. 
22, inciso I, alínea 'a', do Regimento Interno, anexo à Portaria  nº 
29.971, de 4 de março de 2005, e pelo art. 3º da Circular nº  3.083, 
de  30  de  janeiro  de 2002, tendo em vista o  disposto  na  Carta- 
Circular  nº  3.395,  de 23 de abril de 2009,  e  no  Comunicado  nº 
16.364, de 19 de dezembro de 2007,                                   
                                                                     
        D E C I D E:                                                 
        Art. 1º Os   leilões   de  moeda  estrangeira   no   mercado 
interbancário  de  câmbio, para liquidação a  termo,  observarão  os 
seguintes procedimentos, sem prejuízo do disposto na Carta  Circular 
nº  3.395, de 23 de abril de 2009, e no Comunicado nº 16.364, de  19 
de dezembro de 2007:                                                 
                                                                     
        I - realização:  os  leilões  serão  realizados   por   meio  eletrônico,  com participação exclusiva de instituições credenciadas 
pelo Banco Central do Brasil ('dealers');                            
                                                                     
        II - anúncio dos leilões:                                    
        a) no  momento  da  abertura  do  leilão  será  divulgada  a 
mensagem 'AV.BACEN: LEILAO A TERMO' no Sistema de Informações  Banco 
Central (Sisbacen), na parte superior da tela da transação PCOT700;  
        b) em  seguida, será apresentada, no mesmo local, a mensagem 
'tipo do leilão.TERMO dd/mm/aa, ATE hh:mm:ss' indicando a modalidade 
do  leilão  (compra  ou venda), a data de liquidação  e  a  hora  de 
término do período de acolhimento das propostas, respectivamente;    
        c) simultaneamente, será divulgado Comunicado  por  meio  do 
Sisbacen,  transação PMSG830, com os detalhes do leilão, que  poderá 
ser consultado também via transação PLEI650, opção 1;                
        III - inclusão de propostas: a partir da abertura, e  até  o 
horário  indicado na PCOT700, as propostas deverão ser  lançadas  na 
transação  PLEI650,  opção  1,  com  taxas  de  câmbio  e  montantes 
expressos  da  seguinte forma, acionando-se a tecla  PF8,  para  sua 
inclusão   e  conferência,  e,  em  seguida,  a  tecla   PF6,   para 
confirmação:                                                         
                                                                     
        a) taxa  de  câmbio:  expressa  com  o  máximo  de  4  casas 
decimais (exemplo: n.nnnn); e                                                                                                              
        b) montante: expresso em unidades de milhares,  no  formato: 
999999.9 (exemplo: 1000, indicando 1,000,000.00);                    
        IV - alteração   de   propostas:  as  propostas   informadas 
poderão  ser  alteradas  até o final do período  de  acolhimento  de 
propostas (via transação PLEI650);                                   
        V - taxa de corte: serão aceitas as propostas cuja  taxa  de 
câmbio seja mais favorável ou igual àquela divulgada no resultado do 
leilão;                                                              
        VI - data  de  liquidação das operações: as operações  serão 
liquidadas na data informada no anúncio do leilão.                   
        Art. 2º O  resultado do leilão será divulgado  por  meio  de 
mensagem  na  transação PCOT700 e de Comunicação Geral na  transação 
PMSG830 do Sisbacen.                                                 
        Art. 3º A Carta-Circular nº 3.395, de 2009, passa a  vigorar 
acrescida do seguinte item:                                          
        '11-A. Para  efeito  do disposto no inciso  II  do  item  11 
        desta  Carta-Circular, a não-apresentação  de  proposta  por 
        instituição  credenciada como 'dealer', em leilão  promovido 
        pelo   Banco   Central   do  Brasil,  implicará   atribuição 
        compulsória de proposta à referida instituição, no valor  do          lance  mínimo e pela taxa de câmbio mais favorável ao  Banco 
        Central do Brasil dentre todas as propostas apresentadas  no 
        leilão.'                                                     
                                                                     
        Art. 4º Esta carta-circular entra em vigor na  data  de  sua 
publicação.                                                          
                                Brasília, 25 de janeiro de 2011      
                                Márcio Barreira de Ayrosa Moreira    
                                Chefe do Departamento de Operações   
                                das Reservas Internacionais  

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Fonte: Linked In

Turquia, o BRIC da Europa

Com um crescimento econômico invejável e uma população jovem e ávida por consumo, a Turquia desponta como uma das mais vibrantes economias do Velho Continente

Mesquita Azul, em Istambul, na Turquia

Mesquita Azul, um dos muitos encantos da cidade que já foi conhecida como Constantinopla: o turismo é apenas um dos motores da economia turca

No século 19, o czar russo Nicolau i usou a expressão “o homem doente da Europa” para se referir à crise que atravessava o então império turco-otomano, que dominou vastas regiões da Europa, do Oriente Médio e da África. De tão doente, nas décadas seguintes o império se dissolveu, dando luz à Turquia moderna. O rótulo de “homem doente da Europa”, porém, acompanhou o novo país ao longo de quase todo o século 20, com períodos de crescimento irregular, inflação galopante e dívida pública desgovernada. Mas a história guardou uma reviravolta. Hoje, o país vive seu melhor momento desde a glória otomana.

A inflação está sob controle, as contas nacionais estão equilibradas e a Turquia vive um longo período de prosperidade, despontando como uma das mais pujantes economias da Europa. Enquanto boa parte do continente ainda vive aterrorizada pelos efeitos da última crise financeira mundial, a Turquia deve registrar uma alta de quase 8% no PIB em 2010, segundo previsão do Fundo Monetário Internacional. Em alguns momentos, e guardadas as diferentes proporções de tamanho da economia, o ritmo turco já é comparável ao de estrelas emergentes, como a China. No segundo trimestre do ano passado, o crescimento do PIB turco foi igual à expansão do país asiático — 10,3%. Em visita à região em 2010, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, chamou a Turquia de o “Bric da Europa”, uma referência ao grupo formado por Brasil, Rússia, Índia e China.

Diversos motores estão por trás do progresso. Pobre em recursos naturais, a Turquia se voltou para setores como indústria, construção e serviços. A sua impressionante história é um chamariz para turistas do mundo todo. Sua privilegiada posição geográfica, ao lado dos grandes mercados da Europa e da Ásia, possibilitou que se convertesse num de seus maiores fornecedores. A Turquia é um dos maiores produtores europeus de veículos, cimento, eletroeletrônicos, móveis e vestuário. No total, as exportações do país dobraram de 2005 a 2008, para 100 bilhões de dólares — só a título de comparação, o Brasil, com um PIB quase três vezes maior, exportou 201 bilhões no ano passado. O país se tornou um dos mais atraentes polos de investimentos do mundo. Na última década, o investimento estrangeiro direto na Turquia passou de 1 bilhão para 18 bilhões de dólares. Trata-se de uma taxa de expansão superior à que teve no mesmo período países desenvolvidos, como Reino Unido e França.

A entrada de investimentos se acelerou nos últimos anos graças a uma série de reformas cruciais realizadas pelo governo. No fim dos anos 90, a moeda turca chegou a desvalorizar 50% em relação ao dólar, e as taxas de inflação orbitavam em 80%. A Turquia era atormentada pelos “três demônios da economia”, expressão usada pelo economista inglês John Maynard Keynes numa palestra em dezembro de 1923 em Londres para se referir à má distribuição de renda, à volatilidade das expectativas dos investidores e à elevada taxa de desemprego.

A situação era tão grave que em 1999 o FMI foi chamado para apagar o incêndio da economia turca com um empréstimo de 15 bilhões de dólares. Em troca, o Fundo exigiu reformas estruturais, como a submissão à regulamentação bancária internacional e menos intervenção do Estado no setor privado. Mesmo com o pacote salvavidas do FMI, em 2001 o país afundou em outra crise econômica. Foi então que o governo lançou um pacote de ações, como o aumento do superávit primário, o incentivo à privatização e uma política de metas de inflação — todas elas adotadas pouco antes pelo Brasil. Para evitar riscos sistêmicos e para aumentar o volume do crédito, o setor bancário ganhou uma agência reguladora e uma legislação consolidada.

Um dos ventos que também sopram a favor da Turquia é um fenômeno demográfico semelhante ao que ocorre no Brasil atualmente. Dois terços dos 78 milhões de turcos têm entre 15 e 64 anos, a faixa etária economicamente mais produtiva. A idade média de sua população é de 29 anos, a mesma do Brasil, e bem inferior aos mais de 40 anos da União Europeia. “Em 2050, o país terá 100 milhões de pessoas, 30% mais do que a França, o que o torna um dos mais atraentes mercados consumidores da Europa”, diz Christian Keller, economista do banco inglês Barclays para mercados emergentes da Europa.

O resultado desse crescente contingente de consumidores é que o mercado doméstico está em ebulição. Ao todo, nos últimos 25 anos foram construídos quase 300 centros de compras em toda a Turquia. Raridade no mundo islâmico, o país mantém inabalada sua fé na democracia e no capitalismo. Embalados pela alta do consumo, grupos varejistas, como o sueco H&M e o francês Carrefour, têm aumentado sua presença no país. A britânica Aston Martin, fabricante de carros luxuosos, abriu em 2010 sua primeira loja em Istambul, a cidade mais populosa e o mais vibrante centro comercial desde os tempos em que era conhecida como Constantinopla.

O desafio de manter um crescimento no longo prazo passa por resolver alguns entraves no modelo de desenvolvimento. Um deles é a criação de mais empregos. Atualmente, um em cada dez turcos se encontra fora do mercado de trabalho formal. É a segunda maior taxa de desempregados da Europa, só atrás da Espanha. Outra tarefa é investir em educação. Segundo o Banco Mundial, enquanto na União Europeia 23% da força de trabalho possui ensino superior, na Turquia esse número é de 13%.

Diferentemente dos países do Bric, a Turquia não melhorou seu índice de desenvolvimento humano — caiu da 79ª para a 83ª posição do último ranking de IDH das Nações Unidas. O nível ainda sofrível de desenvolvimento social é um dos argumentos dos críticos para adiar a adesão da Turquia à União Europeia, negociada oficialmente desde 2005 mas cada vez mais incerta. Outras questões, como o islamismo e a invasão de Chipre em 1974, também são ponderadas. Recentemente, o economista turco Nouriel Roubini resumiu o desafio do país em uma palestra para economistas locais: “A Turquia está avançando bastante, mas precisa treinar muito sua população para sustentar esse crescimento”. Como se vê, são muitas as semelhanças com o momento vivido pelo Brasil.

Fonte: Exame