SÃO PAULO – O pregão de terça-feira foi de ajuste no mercado de câmbio. Depois do forte tom negativo da segunda-feira, quando a Standard & Poor’s cortou a perspectiva de rating dos Estados Unidos, os agentes voltaram a montar posições em ativos de risco, entre eles o real, ações e commodities.
No fim da jornada, o dólar comercial apontava queda de 0,88%, a R$ 1,576 na venda. Com isso, a moeda não só devolveu o ganho de ontem, como caiu mais um pouco. O preço mínimo intradia foi de R$ 1,576. O giro do interbancário somou US$ 2,7 bilhões.
Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o dólar pronto encerrou a jornada com baixa de 0,77%, a R$ 1,577. O giro caiu de US$ 124,25 milhões para US$ 81,25 milhões. Também na BM&F, o dólar para maio, perdia 0,78%, a R$ 1,5785, antes do ajuste final. Na mínima, o contrato foi a R$ 1,5745.
Cabe lembrar que a queda de preço da moeda americana não foi um fenômeno local. Os investidores também venderam dólar no mercado externo. Sinal disso é a queda de 0,58%, para 75,06 pontos, do Dollar Index, que mede o desempenho da divisa americana ante uma cesta de moedas. E a valorização de 0,79%, do euro, que era negociado a US$ 1,433.
Captando a queda na aversão ao risco, o VIX, que mede a volatilidade das opções no mercado americano e é visto com um termômetro do medo do mercado, caía 7,02%, a 15,77 pontos.
De volta ao mercado local, chamou atenção dos agentes um fenômeno pouco comum no mercado de câmbio. O dólar futuro foi negociado abaixo da cotação do dólar pronto. Isso é pouco usual, pois por definição, o preço futuro seria formado pelo preço à vista mais prêmio decorrente do prazo do contrato.
Tal distorção sugere uma falta de dólar pronto no mercado. Se esse ativo está mais escasso seu preço é maior do que o futuro, onde não há restrição de oferta.
Segundo operadores locais e externos, tal cenário de menor oferta de dólar à vista é reflexo das medidas do governo para conter o fluxo de curto prazo para o país. Essa distorção no mercado do dólar pronto contra o futuro, conhecido como casado, também tem implicações sobre outros contratos, como o de cupom cambial (DDI – juro em dólar).
Essa taxa de juros em dólar no mercado local está subindo de forma acentuada. Esse aumento no cupom de curto prazo acaba desencorajando arbitragem de curto prazo, ou seja, não está tão vantajoso vir ganhar a diferença entre juros externos e internos em operações de curto prazo.
A questão é que essa distorção técnica carrega alguns riscos. Caso haja uma piora repentina de cenário internacional e a demanda por dólar pronto aumente de forma significativa, o Banco Central (BC) pode se ver obrigado a ofertar dólares no mercado.
(Eduardo Campos | Valor)
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