sexta-feira, 11 de março de 2011

Governo não mudou regime cambial: Real vai continuar forte

Com frequentes anúncios de medidas de controle cambial e pesadas intervenções do Banco Central no mercado de câmbio, fica a impressão de que o novo governo mudou o regime cambial. Mas os números não confirmam esta impressão. Tanto a taxa de câmbio nominal quanto a real continuam em apreciação.

De fato, ao longo dos últimos nove meses, a trajetória da taxa de câmbio é de uma clara apreciação, saindo de um patamar de 1,80 ao final do primeiro semestre de 2010 e alcançando o nível de 1,65 neste mês. Mesmo no novo governo, a trajetória é evidente: em janeiro, o câmbio operava mais próximo ao patamar de 1.70. Isto tudo mostra que o governo vem conseguindo suavizar os movimento da taxa de câmbio, mas não impedir sua trajetória. Esta postura, em tese, faz sentido. Dada a extrema liquidez global, a volatilidade do câmbio poderia ser muito forte. Mas não se pode imaginar que esta seja uma batalha fácil de ser vencida. A suavização do câmbio nominal impede que se compense parte da forte alta das commodities, o que tende a gerar inflação e sobrecarregar a política monetária. Neste caso, há duas possibilidades: ou a inflação aumenta e o câmbio real se aprecia, ou os juros sobem e contribui para uma apreciação nominal. Não há muito a ser feito: contra a política de enfraquecimento global do dólar promovido pelo FED, o Brasil pouco pode fazer. Melhor seria partir agressivamente para questões estruturais, como um ajuste fiscal e políticas de aumento de competitividade.

Fonte: Exame

Nenhum comentário: