Oferta de debêntures avança, mas aplicador ainda não acompanha
Por Juliana Garçon em 23/08/2010
As empresas voltaram a se financiar por emissões de debêntures. E com vontade. Na primeira metade deste ano, o volume ofertado, R$ 24,6 bilhões, já é o dobro do registro no ano passado todo. Em número de ofertas, o salto foi de 22, em 2009 inteiro, contra 62, até julho de 2010.
Para refrescar a memória: debêntures são títulos de dívida que as companhias vendem aos investidores e, depois, podem ser negociados. Nesse tipo de papel, a empresa se compromete a devolver o valor de compra mais um certo rendimento. Este pode ser entregue, junto com o principal, na data de vencimento. Ou em pagamentos periódicos. Ou numa combinação dos dois modelos. Há debêntures conversíveis em ações. O prospecto da oferta informa sobre essas características. As debêntures, assim como as ações, são ofertadas publicamente, ainda que, em geral, com menos destaque. Pelas corretoras de valores, os investidores compram os papéis e podem negociá-los em pregão _no caso das debêntures, em num pregão específico, o BOVESPA FIX.
Pois bem, então se trata de um mercado aquecido, em expansão. Mas, o que isso significa, do ponto de vista dos aplicadores? Ora, que eles têm mais opções para diversificar a carteira de investimentos, ainda em renda fixa, mas com rendimento maior do que em produtos mais populares, como poupança, CDBs, fundos de renda fixa (DI e RF) etítulos públicos.
Acontece que as companhias desejam atrair investidores para suas ofertas de debêntures. Para isso, a estratégia natural é pagar rendimento maior. O diferencial será pouco maior caso a empresa tenha forte saúde financeira. Ele cresce na medida em que o mercado percebe riscos para o negócio e o futuro da companhia, que podem resultar em atraso no pagamento aos portadores das debêntures. Quanto maior o risco, maior a remuneração. Para fazer a análise da relação risco-retorno, o investidor deve ler as notas das agências de rating e relatórios de analistas de bancos e corretoras.
Embora as debêntures sejam negociadas em pregão, os consultores de finanças pessoais só recomendam para quem acredita que poderá “carregar” o papel até o vencimento, ou seja, não precisará resgatar o dinheiro antes. Isso porque a boa parte das debêntures tem liquidez baixa ou moderada. Pode levar dias até que apareça um comprador. Se o momento é de turbulência no mercado ou na companhia, a cotação do papel pode cair.
Atualmente, ainda há vencimentos “curtos”, como dois anos, por exemplo. Mas, em cenário de economia saudável, eles tendem a se alongar. E isso já está acontecendo. Em 2009, o prazo médio das debêntures ficou em torno de 4 anos _ no primeiro trimestre, foi de 1,4 ano, conforme a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais). Neste ano, esteve em 5 anos e já chega a 7, diz a entidade.
O valor mínimo para investir já foi proibitivo para o pequeno investidor. Mas há companhias fazendo emissões com papéis de preço unitário (PU) de R$ 10 mil e até de R$ 1 mil. Em geral, são justamente as empresas com menor risco as que se interessam pela pulverização de suas debêntures e fazem ofertas com PUs mais acessíveis.
Mas, apesar do fôlego, as debêntures ainda não conquistaram o coração dos investidores gente como a gente. Pouco mais de uma centena de pessoas físicas nas ofertas realizadas neste ano. Fundos de pensão e de investimento, além dos bancos que coordenam as emissões, ficaram com praticamente 100% dos papéis.
Falta de divulgação, informação ou interesse, simplesmente? Não sei. Mas parece que, para conseguir um ganho maior, o jeito é ficar antenadíssima!
Mais informações sobre corretoras de valores.
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